segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Os custos económicos do desemprego em Portugal


Numa das muitas pesquisas que faço na internet para alimentar este blog, deparei-me com o estudo abaixo.

Trata-se de um trabalho elaborado por Eugénio Rosa, reportando a dados de 2004, mas que reflectem a realidade nacional dos dias de hoje, em Outubro de 2008.


Os custos económicos do desemprego em Portugal - Principais conclusões:

1- Em 2004, o País perdeu 14.050 milhões de euros de riqueza, ou seja, 10% do PIB desse ano e 1.040 milhões de euros de receitas fiscais só a nível do IVA devido ao desemprego. Esta riqueza não produzida contribuiu para a quebra do crescimento económico e as receitas fiscais perdidas contribuíram para o desequilíbrio das contas públicas.

2- Em 2004, os desempregados, por não terem podido trabalhar, não receberam 5.620 milhões de euros de salários, o que contribuiu para a retracção do mercado interno criando dificuldades ao escoamento da produção de milhares de empresas, o que arrastou muitas delas para a falência gerando mais desemprego.

3- Em 2004, o desemprego determinou elevados custos para a Segurança Social. E isto porque, por um lado, a Segurança Social perdeu receitas avaliadas em 1.953 milhões de euros e, por outro lado, teve de pagar subsídios de desemprego no valor de 1.662 milhões de euros.

4- Se a análise incidir no período compreendido entre 2001 e 2004, o desemprego teve as seguintes consequências económicas:
(a) Fez perder ao País riqueza avaliada em cerca de 44.159 milhões de euros ( 88.318 milhões de contos), ou seja, o equivalente a 31,9% do PIB de 2004, o que determinou a quebra do crescimento económico;
(b) Receitas fiscais perdidas só a nível do IVA ( e estas são apenas uma parcela daquilo que o Estado perdeu) avaliadas em 3.268 milhões de euros (653,6 milhões de contos) o que contribuiu para o desequilíbrio das finanças públicas;
(c) Os desempregados deixaram de receber salários avaliados em cerca de 17.663 milhões de euros (3.532 milhões de contos), o que determinou não só o agravamento das condições de vida de milhares de famílias mas também impediu o escoamento da produção de milhares de empresas, gerando falências e mais desemprego;
(d) Causou elevados custos à Segurança Social porque, por um lado, fez perder receitas avaliadas em 6.137 milhões de euros (1.227 milhões de contos) e, por outro lado, teve de suportar despesas com o pagamento de subsídios de desemprego calculadas em 4.988 milhões de euros (1.000 milhões de contos).

5- Os 150.000 empregos prometidos pelo PS, mesmo se fossem reais, não seriam suficientes para reduzir o desemprego em Portugal. Em primeiro lugar, porque o PS já esclareceu que se for governo tenciona reduzir o emprego público em 50.000 postos permitindo a entrada na função pública de apenas um trabalhador por cada dois que se reformarem. Em segundo lugar, porque no período compreendido entre o 3ºTrimestre de 2001 e o 3º Trimestre de 2004 foram destruídos em Portugal nas profissões “agricultores e trabalhadores qualificados da Agricultura e Pescas”, “operários e similares” e “trabalhadores qualificados” 197.900 postos de trabalho e é de prever que esta destruição maciça de postos de trabalho continue porque a única proposta apresentada pelo PS é o chamado “choque tecnológico” em que o emprego que eventualmente criará não absorverá os trabalhadores cujos postos de trabalho sejam destruídos, até porque os níveis de escolaridade e de qualificação exigidos são diferentes.


Publicado em New@This por Nuno Batista.

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